sábado, 18 de outubro de 2008

Sem Titulo

“Com as técnicas modernas e respectivos conhecimentos científicos, o ser humano tornou-se capaz de intervir na natureza; transforma-a, submete-a, manipula-a, busca conhecer os seus segredos. [...] No entanto, esta intervenção mostrou-se ambivalente. Por um lado, o ser humano foi capaz de dotar a humanidade de benefícios extraordinários. Por outro lado, na medida em que a sua intervenção mostrou-se voraz e desequilibrada, saltou aos nossos olhos a sua capacidade de depredar e destruir além dos limites ecologicamente suportáveis.”

Fonte: AGOSTINI, Frei Nilo. Ética cristã e desafios atuais. Petrópolis, Vozes, 2002, p. 119-120.

sábado, 11 de outubro de 2008

Quem sou eu!?!

Há dias em que acordo e sinto que faço parte do universo, noutros é o inverso, pergunto me a razão da minha existência...

A minha mente é poderosa, tanto pode transformar algo insignificante numa coisa mais bela, como pode transformar a coisa mais bela em algo insignificante... a mente assim o decide! Ou melhor, assim, eu deixo a minha mente decidir!

Quando olho me no espelho, o que é que vejo? Não sei; uma mulher feliz... por vezes infeliz, outras vezes, confusa... mas a final... QUEM SOU EU!?!

Eu sou alguém que quer ser feliz... que quer ver todos felizes
Eu sou aquela que sofre por não poder ser melhor... mas que trabalha para melhor ser
E no final de contas continuo sem saber quem sou eu... eu que sou a mãe, filha, irmã, e mulher.

Quem sou eu? Serei alguém de bem? Tem dias... não sou perfeita... sei que posso ser a mulher mais doce... ou então ser alguém que magoa... e que depois lamenta... mas depois, depois por vezes já é tarde de mais!

Sou filha, adoro os meus pais... pois a eles estou grata por mais uma oportunidade de estar neste vida terrena... amo a minha irmã... pois ela é minha melhor amiga... e por último, mas o mais importante... amo o meu filho... o meu tesouro... e para melhor definir... é no olhar para ele que busco ainda mais força para o meu viver!

Por isso olhando o meu reflexo... eu sou ... isto e muito mais ... a minha vida esta cheia de pessoas boas... e eu amo cada uma delas de maneira diferente! Mas tambem... sou alguém que raramente têm coragem de dizer cara-a-cara que amo cada uma delas... eu sei que elas sabem... eu não digo... mas demonstro... mas gostaria de ter a coragem de exprimir tudo o que sinto em palavras verbalizadas... houve alguém que me disse há muito pouco tempo..."Porque é que nunca o dizes e só o escreves... di-lo!

A minha mente diz... mas a minha boca ainda não verbaliza! Mas devargar eu vou ensinar a minha "mente" boca a falar as palavras que tenho no meu coração.

Eu amo ...

O que foi que eu vi em ti?!? Porque entraste na minha vida!?

Eu interessei me por alguém que, em princípio, não tem nada a ver comigo. Alimenta crenças diferentes das minhas. Tem gostos pouco parecidos com os meus. E uma maneira de viver a vida completamente adversa a tudo o que eu pratiquei até agora.

Não estou falar de valores de base, tais como honestidade, carácter, ética e bom-senso. Estou a falar de dinâmica, de modos de interpretar as circunstâncias, o presente e o “futuro”.

Pois bem! Ainda assim, as diferenças continuam, aparentemente, imensas. Como se entre eu e ele houvesse um abismo que impossibilitaria qualquer aproximação. No entanto não há uma ruptura definitiva na amizade. Muito bem! Das duas, uma: ou nós somos realmente muito diferentes e este encontro traz uma grande e importante lição, a fim de que eu aprender que além das minhas verdades, existem outras e que podem ser válidas, e assim vale citar a frase de Saint Exupéry:

“Aquele que é diferente de mim não me empobrece: me enriquece”.

Ou... então não somos assim tão diferentes quanto parece. Muitas vezes, consideramos como diferenças o que, na verdade, são características complementares. Sendo assim, este “encontro” traz uma grande luz, a fim de que eu perceba um interessante facto sobre mim: nem tudo aquilo em que eu acho que acredito, eu realmente já acredito!

Confuso? Nem tanto! O que estou a escrever é que muitas vezes a gente vai engolindo crenças que não são nossas. Alguém nos disse que as relações tinham de ser de determinada maneira e a gente simplesmente acreditou, engoliu como sendo o "certo".

Acontece que, ao longo da vida, inevitavelmente vamos construindo nossas próprias crenças sobre tudo, especialmente sobre o amor, e se não estivermos atentos ao que já havíamos engolido, algumas verdades internas tornam se contraditórias; e o problema é que elas actuam concomitantemente sobre nossos pensamentos, sentimentos e nossas escolhas.

Resultado: eu acredito que desejo relacionar me com um determinado tipo de pessoa e invisto todo o meu discurso nesta crença. Porém, todavia, no entanto... quando menos espero lá estou, sentindo me atraída por uma pessoa muito diferente.

Se isto esta á acontecer comigo, posso parar de sentir me tão inadequada. Em vez de rebelar contra a mim mesmo, considerar me parvinha ou maluca, aproveito a oportunidade. Reflicto: que sentimentos esta relação desperta em mim? Como lido eu com estes sentimentos? Até quando aceito e/ou acolheu estas contradições que por vezes tanto me perturbam? Fico com estas questões e procuro manter me alerta, tanto quanto conseguir. Observo a outra pessoa. O que ele tem para me ensinar? Observo me a mim, também! O que tenho que a aprender com isto tudo? Quanto posso crescer com estas diferenças? Quanto posso tornar me melhor ao permitir me experimentar o “novo”?

Sei que nada é definitivo. Nada é para sempre. Talvez, possa descobrir uma nova verdade escondida em algum lugar dentro de mim... e reafirmar que bem mais enriquecedor do que impor o que me parece certo é deixar a vida mostrar me que todos nós – invariavelmente – somos diferentes!

E com mais este aula na “escola da vida” eu posso crescer mais um pouco, depois de um encontro em que o grande objectivo é dar o meu melhor no intuito de ser e fazer feliz, independentemente de julgamentos que, em última instancia, não acrescentam nada!

Mil beijos com carinho...

(RS fiz das tuas perguntas minhas, e respondi aos dois!)

Um pedido de mãe

Ontem antes da hora do jantar a minha mãe, minha melhor amiga deste tempo e sei que do outro também... olhou para mim e diz: Filha, desabafa comigo, deita para fora, não tens que sofrer sozinha, eu estou aqui!

E como eu precisava mesmo de deitar muita coisa para fora, com lágrimas nos olhos eu contei como me sentia em baixo mais uma vez, foi honesta não escondi nada, diz que me estava a esforçar para não me meter no ‘’buraco escuro’’ onde já tive há uns anos atrás (passado, que muitas vezes vem ao decima, palavra mais usada: depressão!). Luto com toda a minha força contra esta maneira de estar... não vou cometer os erros que hoje conheço como aprendizagem, as lições foram tiradas, agora é lidar com a causa e não abafar os efeitos.

Ela me ouvi, como me houve muitas vezes sem fim... sem criticas, sem palavras faladas, e no fim da nossa conversa, já depois do jantar quando me estava a ir embora, ela me deu um abraço, um abraço que eu precisava tanto e disse: Obrigada, por seres minha filha!

Me senti a mulher mais amada do mundo, foi para casa a sorrir e a reflectir uma frase tão curta mas tão poderosa, que me mudou o animo, dormi quem nem uma bebé. Hoje acordei, nem me importa a chuva, o mau tempo lá fora, por dentro eu estou com o sol a brilhar, isso que importa, sou feliz, hoje quando chegar a casa vou agradecer a minha mãe por ser minha mãe, minha amiga, e meu anjinho da guarda, mas uma vez ela me salvou. Escrevo isto porque acho que se me fez sentir tão bem, se me deu tanta força então peço a todas as mães/pais e filhas/filhos que fazem o mesmo... um pedido tão simples, que pode mudar a maneira de estar na vida de uma pessoa. Amor, é para ser partilhado e para ser dito de todas as maneiras boas, faladas, escritas... não guarde o que tem para dizer hoje de bem para amanha, quem sabe o amanha não existe!

Beijinhos no coração de vocês!

(Estas minhas palavras foram escritas em 20/11/2007, a minha mãe hoje faz 59anos, e é a minha melhor amiga, achei que devia partilhar este texto aqui!)

domingo, 5 de outubro de 2008

Saber Terminar uma amizade indesejável

Sucede, também, como por calamidade, que algumas vezes é necessário romper uma amizade: porque passo agora das amizades dos sábios às ligações vulgares. Muitas vezes quando os vícios se revelam num homem, os seus amigos são as suas vítimas como todos os outros: contudo é sobre eles que recai a vergonha. É preciso, pois, desligar-se de tais amizades —, afrouxando o laço pouco a pouco e, como ouvi dizer a Catão, é necessário descoser antes que despedaçar, a menos que se não haja produzido um escândalo de tal modo intolerável, que não fosse nem justo nem honesto, nem mesmo possível, deixar de romper imediatamente.

Mas se o carácter e os gostos vierem a mudar, o que acontece muitas vezes; se algum dissentimento político separar dois amigos (não falo mais, repito-o, das amizades dos sábios, mas das afeições vulgares), é preciso tomar cuidado em, desfazendo a amizade, não a substituir logo pelo ódio. Nada mais vergonhoso, com efeito, que estar em guerra com aquele que se amou por muito tempo.

(...) Apliquemo-nos, pois, antes de tudo, em afastar toda a causa de ruptura: se contudo, acontecer alguma, que a amizade pareça antes extinta do que estrangulada. Temamos sobretudo que ela não se transforme em ódio violento, que traz sempre consigo as querelas, as injúrias, os ultrajes. Por nós, suportemos esses ultrajes quanto forem suportáveis e prestemos esta homenagem a uma antiga amizade, de modo que a culpa caiba a quem os faz e não àquele que os sofre.

Mas o único meio de evitar e prevenir todos os aborrecimentos é não dar a nossa afeição nem muito depressa, nem a pessoas que não são dignas.
São dignos da nossa amizade aqueles que trazem consigo os meios de se fazer amar. Homens raros! De resto, tudo que é bom é raro e nada é mais difícil do que achar alguma coisa que seja em seu género perfeita em tudo. Mas a maior parte dos homens não conhece nada de bom nas coisas humanas senão o que lhes interessa e tratam seus amigos como aos animais, estimando mais aqueles de quem esperam recolher mais proveito.

Também são eles privados dessa amizade tão bela e tão natural, por si mesma tão desejável; e o seu coração não lhes faz compreender qual é a natureza e a grandeza de tal sentimento. Cada um ama-se a si mesmo, não para exigir prémio da sua própria ternura, mas porque naturalmente a sua própria pessoa lhe é cara. Se não existe alguma coisa de semelhante na amizade, não se achará nunca um verdadeiro amigo; porque um amigo, é um outro nós mesmos.

Se se vê nos animais aprisionados ou selvagens, habitantes do ar, da terra ou das águas, primeiro amarem-se a si mesmos (porque este sentimento é inato em toda a criatura), em seguida desejar e procurar seres da sua espécie, para se unir a eles (e, nessa procura mostram um afã e um ardor que não deixa de ser semelhante ao nosso amor), quanto mais essa dupla inclinação na natureza do homem que se ama a si próprio e que busca um outro homem, cuja alma se confunde de tal modo com a sua que de duas não faça mais de que uma.

Marcus Cícero, em "Diálogo sobre a Amizade"

O que é uma pessoa inteligente?

Há quem acredite que ser inteligente é aquele que acumula cursos e diplomas universitários. Outros qualificam como inteligentes aqueles que têm a capacidade de ganhar muito dinheiro. Podem de lado estas concepções usuais do que é ser inteligente, vou explorar o tema sob um "novo" enfoque, numa concepção mais integral, ligada à nossa vida quotidiana. Neste sentido, podemos considerar inteligente toda a pessoa que vive a vida de maneira agradável, sentindo-se sempre feliz. Por mais estranho que, para alguns, esta concepção possa parecer, indubitavelmente ela precisa ser examinada em profundidade para mudar a visão estreita que temos sobre inteligência

Vejamos: se alguém está sempre feliz, vivendo plenamente cada momento, sabe valorizar o simples facto de estar vivo, participando intensamente das experiências que lhe são oferecidas neste belíssimo planeta azul, podemos dizer que esta pessoa tem a inteligência necessária para compreender o sentido da vida.
Dentro deste enfoque, voltando à primeira concepção de inteligência, perguntamos: Podemos considerar inteligente alguém com vários diplomas, ou ganhando muito dinheiro, mas vivendo apreensivo com o seu futuro, angustiado diante da vida, ou infeliz com o que já possui, ambicionando ter sempre mais do que já tem? Na minha verdade, só merece ser chamado de inteligente a pessoa que aprendeu a RELACIONAR-SE com os problemas da vida. Notem que se trata de aprender a RELACIONAR-SE com os problemas, o que não significa obrigatoriamente RESOLVÊ-LOS.

A pessoa inteligente deve aprender a manter-se feliz, APESAR dos problemas que porventura tiver de enfrentar. Um grande sinal de inteligência é ser capaz de optar por sentir-se feliz, mesmo quando as circunstâncias exteriores forem dolorosas. Na verdade, a vida é uma geradora interminável de problemas. Por isso, se formos esperar que não existam problemas para nos sentirmos feliz, provavelmente teremos que esperar para sempre.
A pessoa inteligente compreende isto muito bem e é capaz de separar aquilo que está a sentir dentro de si das circunstâncias exteriores. À primeira vista isto pode parecer um verdadeiro absurdo, pois, usualmente nem concebemos a possibilidade de separar os nossos estados interiores dos acontecimentos exteriores.

A pessoa inteligente, porém, compreendeu que os problemas passam como nuvens no céu, mas o sol, que faz parte de sua essência está sempre a brilhar por trás das nuvens. Por isso, descobriram que podem escolher como se sentir diante de qualquer situação. Os problemas relacionados com dinheiro, envelhecimento, doença, morte, catástrofes naturais ou acidentes apresentam-se a todos os seres humanos em maior ou menor intensidade.

Algumas pessoas, porém, são capazes de não se deixar abater por eles. Por isso, nunca se sentem infelizes, depressivas, ressentidas ou revoltadas. Ao contrário, sentem que, apesar de tudo, a chama da vida é o bem mais precioso que existe. Compreenderam que todos esses problemas são inerentes à condição humana e, por isso, não permitem que a felicidade existente dentro de si seja poluída por eles.

Diante destas reflexões sobre inteligência podemos dizer que, sem dúvida, somente as pessoas capazes de conservar incólume a felicidade dentro de si merecem o título de inteligentes.

Aliás, eu considero pessoas assim muito inteligentes...